
São incontáveis as vezes em que as crianças correm, principalmente atrás da mãe, para se queixar do que o primo ou o melhor amigo disseram ou fizeram. Abra o olho: na maioria dessas ocasiões, elas não estão buscando exatamente ajuda. O que realmente querem é a cumplicidade de um adulto que resolva a situação a seu favor, com total parcialidade, sem entrar no mérito do problema. Do ponto de vista infantil, isso é compreensível. Nessa fase, a meninada ainda está aprendendo e treinando como se portar em grupo, a usar argumentos que justifiquem seu ponto de vista e/ou direitos. Nesse período começa o aprendizado sobre a hora de ceder e abrir mão de um brinquedo ou privilégio e o momento de fazer valer seu território. Essas dificuldades, às vezes, exaltam os ânimos entre os baixinhos, que chegam a trocar alguns tapas, beliscões e até insultos, sem grande importância. O risco, na verdade, está na grande chance de os adultos se meterem aonde forem chamados, mas não deveriam aparecer, armando um banzé em família ou entre amigos e estragando relações.

Ressentimentos. Quando os adultos intervêm nos desentendimentos infantis, facilmente a situação se transforma em oportunidade para desabafar desentendimentos acumulados ao longo do relacionamento familiar ou entre um grupo de amigos. Então, a briga das crianças vira pretexto para os grandes fazerem uma faxina no armário dos ressentimentos. Interferir é necessário quando os baixinhos de fato, se pegam para valer.
Há momentos em que eles precisam mesmo de ajuda. A violência verbal, às vezes, é mais dolorosa que um tapa. E não é raro as crianças serem cruéis entre si a ponto de surpreenderem os adultos. A questão é saber quando e como intervir, sem perder de vista que se trata de um assunto de crianças e não de adultos. Desentendimentos entre primos e amigos são inevitáveis. Mas anote o que é possível evitar:
Tomar partido do filho sem ouvir a versão dos outros. Além do risco de supervalorizar um contratempo banal e ser injusta com as outras crianças, você pode prejudicar seu filho, contribuindo para que, com o tempo, ele fique com a imagem de “filhinho da mamãe”; uma sugestão imparcial pode ajudar a desfazer uma briga entre eles. Nem sempre uma solução óbvia para os grandes é enxergada pelas crianças; se seu filho é briguento, gritão e mandão com os primos e amigos, converse com ele para saber o que está acontecendo e ajude-o a mudar um tipo de comportamento capaz de deixá-lo isolado.
Postado às 05:56