A
MAMÃE ESTÁ GRÁVIDA!
Mamãe vai me dar um irmãozinho
Estou contente
Que bom
Meu pai diz que é ruim ficar sozinho
E tudo que é meu será dos dois
Até a mamãe e o papai de nós dois
(...)
O nosso apartamento é pequeno
E o meu quarto é pequenininho
Vai pegar meus brinquedos!
(...)
Até que é bom ficar sozinho
Não sei porque o papai diz que é ruim
O que é ruim pra ele, é bom pra mim
(Irmãozinho - Palavra Cantada)
A
chegada do segundo filho é um momento de grande expectativa, muitas vezes
aguardado com receio pela família, pois o filho mais velho, nem sempre vivencia
de forma tranquila.
Neste
momento, muitos pais encontram dificuldades em lidar com a situação, surgindo
dúvidas e questionamentos. É necessário
que, desde a descoberta da gravidez, estas questões sejam trabalhadas pela
família no sentido de minimizar algo que é inevitável: o ciúme do filho.
Assim
como cantam Sandra Peres e Paulo Tatit, a música Irmãozinho, a criança vê este novo integrante como um intruso. Um
“outro” que vai lhe tirar o lugar de único. Tudo vai ser divido, incluindo o
principal: o amor do papai e da mamãe! É por causa deste amor que a criança
sente ciúmes. Ela se sente insegura, começando a pensar que não será mais
amada, que ficará em segundo plano.
Quando e como contar sobre a
gravidez?
Tão
logo souber da gravidez, dê preferência os pais juntos, devem contar à criança.
Conversar com ela a respeito, escutar e responder suas dúvidas, acolher suas
reações.
É
o início da preparação da criança para a chegada deste novo integrante na
família. O mais importante é sempre falar a verdade à criança, não esconder os
fatos, nem mentir.
Utilize-se
da linguagem para dizer de maneira mais verdadeira o que está acontecendo. As
conversas não se restringem somente ao primeiro momento, mas durante toda a
gestação, principalmente, após chegada do bebê, onde geralmente o ciúme se
intensifica, devido à presença “concreta” do bebê.
Como se manifesta o ciúme na
criança?
A
criança encontra dificuldades em verbalizar o que está sentindo, por isso
utilizará recursos não verbais para sinalizar atenção à sua dor. No entanto,
cada criança encontra uma forma de externalizar seu ciúme, passando desde
manifestações sutis às mais intensas.
Muitos
comportamentos podem ser identificados precocemente, já no início da gestação,
outros aparecem somente pós-parto. Em alguns casos a criança, “aparentemente”,
não apresenta ciúme algum, mas isso não quer dizer que não sinta, somente
encontram uma forma de lidar com ele, podendo manifestá-lo mais tarde.
É
comum também ocorrer sentimentos contraditórios. Num momento a criança está
carinhosa e no seguinte agressiva. Um misto de amor e ódio. Um exemplo disso,
são aqueles abraços apertadíssimos e “super beijos”.
Muitas
crianças regridem, voltam a usar chupeta, mamadeiras, fazer xixi na cama e/ou
na roupa. Mesmo que já tenha aprendido a se alimentar sozinha não quer mais
fazer. Enquanto outras, sinalizam por comportamentos de agressividade, birras, falas mais infantilizadas e choro. Há casos
em que o ciúme afeta a auto-estima e o rendimento escolar.
Como lidar com o ciúme?
No
decorrer da gestação, procure integrar a criança dividindo momentos como:
escolha de nome, enxoval, assistir a ecografias. Após o nascimento, continue a envolvê-la nos
cuidados com o bebê. Isso ajudará a
sentir-se integrada nesta nova dinâmica familiar.
Broncas
e repreensões por causa do ciúme, neste momento, não vão ajudar, pelo
contrário, vão reforçar o sentimento de que não é amada. Em todas as situações
diga à criança o que está percebendo, acolha sua agressividade, sua birra,
enfim, seu comportamento.
Contudo,
acolher não significa dar-lhe tudo o que pede, fazer-lhe todas as vontades, mas
dar-lhe esclarecimento do que está acontecendo,
colocar em palavras.
Mesmo
que muitos dos comportamentos sejam semelhantes, vale ressaltar, novamente, o
singular de cada criança, ou seja, o modo que cada uma vai manifestar e
elaborar o ciúme é único. Cada situação é específica, por isso procure não
fazer comparações.
Sentir
ciúmes é natural e na maioria das vezes a criança com a ajuda da família
consegue elaborar. Não há um tempo determinado para que isso aconteça. Ela
consegue tão logo se sinta segura em relação ao amor dos pais. Não é uma tarefa
fácil lidar com a situação, exige carinho, paciência, compreensão e muito
diálogo.
No
entanto, se perceber que está se prolongando muito a elaboração e o sofrimento
da criança não hesite e busque ajuda de um profissional.
Eliane da Luz – Psicóloga Clínica – CRP:
08/13190
Postado às 10:27