“No Pantanal
ninguém pode passar régua.
Sobremuito
quando chove.
A régua é existidura de limites.
E o Pantanal
não tem limites”.
(“Mundo renovado” - Manoel de Barros)
TDAH quer dizer Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. É um
transtorno com início precoce e, caracterizado pela tríade: desatenção,
hiperatividade e impulsividade. Sendo um dos critérios diagnósticos, que os
sintomas persistam por, pelo menos, seis meses e causem prejuízo na vida da
criança.
Além dos critérios acima citados, é preciso, de acordo com o DSM –IV e a
CID – 10, uma série de outros sintomas para confirmação do diagnóstico.
TDAH ou falta de limite? Mas, falta de limites por parte de quem?
Nos dias de hoje vê-se uma crescente dificuldade dos pais em educar seus
filhos. Isso causa grande apreensão nos mesmos quanto ao futuro dos seus
filhos. Há também, em algumas situações, um distanciamento nestas relações
parentais, onde por pouco, não são estranhos dividindo o mesmo teto.
Há casos em que, realmente se percebe o pouco ou nenhum limite. Muitos
pais, por vários motivos, mas principalmente por se sentirem culpados em
relação a seus filhos, são permissivos em excesso. Fazem
todas as suas vontades e não conseguem dar-lhes o limite necessário. Assim a
criança, cada vez mais, vai testando até onde pode ir. Até aonde a deixam ir.
Muitos destes comportamentos são pedidos de limites e atenção, pois a
criança anseia ser “contida”, barrada. O limite é importante para que a criança
se depare com a frustração, com a lei. Os pais não estarão com ela à vida
inteira, tampouco poderão lhe dar sempre tudo o que querem. A vida não lhe
dará!
Podemos pensar também, o sintoma desatento/hiperativo, como resposta ou
uma forma de defesa da criança à determinada condição de dor física, emocional.
É um movimento em relação ao desejo do outro. É uma apatia em relação à demanda
do outro. Não escuta o que lhe dizem. Não quer ler, escrever, pensar. Em
resposta, se debate, se agita. Se angustia. Angústia para os pais, para os
professores, mas principalmente para a criança, que no momento não encontra
outra forma de expressão.
Independente da situação, pois cada uma é única, mais do que ter um
diagnóstico é poder refletir a respeito deste sintoma. O que será que sinaliza
essa desatenção e/ou agitação motora, essa falta de limites? O que diz da
criança, da relação familiar? Não se trata de procurar um culpado, até porque
não tem. Mas poder pensar a respeito, pois sempre há tempo para mudança, desde
que haja comprometimento, implicação e real desejo.
Eliane da Luz
Psicóloga Clínica
CRP: 08/13190
Referências:
·
DSM IV - TR - Manual Estatístico Diagnóstico de
Transtornos Mentais. Trad. Cláudia Dornelles; - 4ª ed. rev. – Porto Alegre:
Artmed, 2002.
·
Classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento da CID- 10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas –
Coord. Organiz. Mund. da Saúde; trad. Dorgival Caetano. – Porto Alegre: Artes
Médicas, 1993.
Postado às 07:59